terça-feira, 24 de outubro de 2017

A fantasma

E é assim,
Ela me traz lápis, papel, paciência e palavras simples
Tudo o que preciso para juntar 
Com o que é mais real de mim:
Pilastras ocas, anfetaminas, concretos e ácidos do estômago. 
Se encaixam, soa perfeito. 

E é assim,
ela sempre diz para que 
eu faça um bom uso de tudo,
cada situação,
cada lágrima,
cada ponto solto na rua
em que tropeço. 

E é assim,
da sua boca saem sonhos,
pureza, leveza. 
E eu só rio
quando ela vira atriz,
inventa que seu nome é Lyla
e faz de qualquer lugar 
um grande teatro. 

E é assim,
que devoro toda essa inspiração,
tudo o que eu noto nela,
essencialmente nela. 

E é assim,
que ela se desmancha em curiosidade 
afinal, o que é que está tão escondido, atrás de 7 chaves de ouro?
Fico boquiaberto quando
ela solta da própria gramática mental
as mais diversas hipóteses e pronomes sobre esse caos. 

E é assim, 
que ela, ao final,
me deixa escrito 
bem na janela, no vidro,
que mal pode esperar 
o próximo furacão 
que preencherá paredes brancas. 

E é assim,
acordo no ônibus, perdido,
olhando para os lados 
até que me paraliso ao escutar
o sussurro do fantasma que não existe:
“E é assim, espero vê-lo novamente em breve”

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