domingo, 19 de novembro de 2017

Alcova

Um quarto, escuro, breu noturno 
Cortinas fechadas, grade na janela
Um silêncio em meio aos lençóis 
Que é cortado por um som fraquíssimo 
Só eu posso ouvir
Acima da minha cabeça há uma lâmpada 
E, mesmo estando tudo fosco
Pude notá-la por ser mais soturna e extensa 
Foi tudo tão rápido 
Sua teia agora cobre quase todo o teto
E ela desce, vagarosamente,
Pelos tecidos
Seu olhar rúbeo 
Suas patas afiladas, quase a me tocar
Porém, não tocam 
E apenas suas presas que não pude enxergar com clareza 

Em meio a esse tempo de dúvida, ela se aproximava 
Pisco meus olhos com força 
Em um ato lépido de martírio 
Três vezes 
E ela some

Pergunto-me agora
Quando voltará? 

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Pontua


Escrevendo pontualmente, entre as visitas e os pratos, na mesa
Jantar
A cadeira a se arrastar no piso marrom
Levanta um, mastiga outro
O vinho seco,
Tudo preparado com os mais finos ingredientes
Sempre lembrando à cultura Francesa
Salada por último
E o prato principal
Tudo bem servido, quente, pelando

Olhe o azeite, olhe os talheres 
Garfo à esquerda, faca à direita
Você ao meio, 
sentado onde todos 
não podem te ver