segunda-feira, 24 de abril de 2017

Vem

Gotas do mar na minha boca
Que encontra teus lábios
E cala-te
Escrevo a ti agora 
Para que venha logo, amor camomila
É mesmo você que vaga sem rumo
pelos metrôs, parques
e avenidas? 
Te vi um dia desses vestido de violeta 
e azul. 
Foi quando notei teus olhos nos meus 
Que das pontas dos meus dedos 
Afloraram versos, poemas e flores
E estes, já não pertencem ao subsolo
Meu amor, só terra não basta!
Quem, senão a chuva, que irá regar
Minhas ruínas, palavras e rimas por aí?
Quero que molhe todos. 
De pele em pele. 
Quem sabe assim
Você me encontra 

terça-feira, 18 de abril de 2017

Maçaneta

São tantas palavras, tantas
As quais tranco por trás de sete chaves de ouro
Faz anos
E sempre novas portas, muretas e tijolos
Inventam de aparecer por todos os cantos 
Os cômodos empoeirados e cheios de móveis antigos, relíquias. 
Eu digo que há sim uma briga por dentro de cada cômodo de mim
Um lado diz sim. Que todas as palavras deviam correr soltas pelas ruas!
Por aí! 
Deviam escorrer por todos os lados secos 
Molhando tudo, como fazem as chuvas de Janeiro. 
Mas o outro lado amordaça. 
Prendo a respiração e foco em qualquer lugar para me apoiar. 
Meu labirinto de fim vermelho engole todos as entradas, saídas, cômodos e chaves. Tudo. 
E é este o lado coberto de espinhos, escuro. 
Onde o medo de fazer movimentos bruscos é constante 
Já que para não acordar o Minotauro muito cuidado é necessário. 
E dizem "continue assim, aguente as batalhas diárias, armadilhas"
Eu digo qualquer coisa menos a resposta pro enigma da Esfinge
E tudo se cala novamente em mim.
São tantas palavras, palavras tantas 
Por dentro de cada cômodo de mim! 
Pelos corredores ando devagar, com cuidado, medo
E sempre ouvindo um eco repetitivo pelas paredes, algo que ainda move-me por aí 
O que realmente vem por trás da porta vermelha do labirinto?