sábado, 30 de dezembro de 2017

Varias

Reflexos 
Espelhos 
Três corpos 
Em um só 

Curvas
Silhuetas 
O que tu vê?

É repetido
Cada imagem 
Uma de cada vez
Em cada espelho 
Ou vidro de carro
As vezes, mais de três 

Pisca teus olhos
A imagem desaparece
Reaparece
Vira outra
Afinal, onde existo em mim?

Toco na imagem
Se desmonta em outras
Não obtém sucesso
Não há como parar
Afinal, o que há em mim?

Não para 
Vira limite estressante 
Evita
Tapa cada pedaço de reflexo

Agora é pelas mãos 
Que tenta se reconhecer 
Só os olhos não basta
A mente materializa
o que se é temido

Então, o que se vê é real? 
O que é visto  
Vem de dentro
Inconsciente 
Briga entre ego e superego


Afinal, quem sou eu?

domingo, 10 de dezembro de 2017

21 de Outubro de 1969

O nevoeiro de Charles
E as pulgas no sofá velho de Kerouac
Todos loucos boêmios
Em que quanto mais risco
mais saboroso tudo se tornava
Cigarros, cartas e corridas de cavalo
Apostas, cervejas geladas e o frio na barriga estridente
Os carros em alta velocidade, os amores efêmeros 
e o suicídio cometido a três
lápis e papel e mão
O mar escuro de versos e ironias
Sorrindo, de forma cínica,
desesperados
com o afogamento
Embebedados por tudo:
Pela América prostituta de 150 quilos,
Pelas orgias
Pelo êxtase insaciável exteriorizado em cada palavra, cada ponto,
batido a maquina de escrever
Pela Califórnia, Nova Jersey, Kansas, de navio até a África e por fim, O Paraíso, O Inferno.
Pela jornada sem fim em busca do prazer
em busca de linhas ritmadas em alucinógenos
Por alter egos misantrópicos que vivem de mulher em mulher
Pela jornada sem fim enquanto a pantera negra
se desloca até você
e sua cama
Por uivos erógenos
E as famigeradas mesas de bar
Sim, embebedados por tudo,
até que a contínua embriagues, sedenta
torna-se sangue, hemorragia.