sábado, 12 de dezembro de 2020

Barulho interno e Raul

 4/12/20


Agora você vê, contorna os olhos pela mesa. Seu amor te olha de relance. Qualquer movimento seu te engana, de que é aqui que não pertence. Então você se movimenta como se pudesse cortar o que houve, o que vê há mente, mas não te pertence. Externo, mas o que é que sai da sua boca? Meu Deus! Posso ficar aqui até que canse você mesma, meu fluxo inconclusivo de que não tem mais o que fazer e aproveita o momento de encontro com aquela que pensava e chegou até mim... eu! Que após ler grandiosas três páginas de Virgínia Woolf finge escrever (o que mais parecem besteiras), uma ou duas frases que não param! Olha como entorta todo fato! Aquela árvore que fora outrora esmagada pela construção de um muro feio, horroroso! Ainda levou a toca das corujas embora, sobrando apenas a casa, que eu mesma passava todo dia perto de bicicleta. Não que alguém realmente ligue. Triste fim... e eu ainda nem disse o que eu estava pensando! Bobagem! (As autoras saem de cena).


Vamos então agora mudar completamente e transformar isso aqui em um enredo. Já não entendo bem o que me acontecia antes de minha pausa. Mas este hiato veio de mim que escreve agora e não se conecta com os ruídos transferidos para este papel. Assim, então, prossigo de outra forma: 

Raul chega em casa, cambaleando, cansado. Conseguiu o material perfeito para o ofício. Duas madeirinhas que faltavam para continuar os mastros do navio, feitos com uma madeira bem clarinha. A pequena embarcação é firme e já está dentro de uma garrafa, dessas que se acha numa praia, que se encontrara, outrora, abandonada por pescadores bebuns! O bambu de 3mm é usado por Raul, que consegue enfiar os dois últimos espetos para a construção da pequena embarcação. Tudo bem colocado com a gama-cola e cola epóxi. Pouco sei sobre embarcações, mas até que conheço Raul e seus devaneios. Não se assuste se encontrar a garrafa quebrada, bem atrás da porta de seu quarto. 



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