Acarajé Abará Vatapá Hauçá
assim como a música
tinha um tempo
que eu não ia à praia
ou ria cedo
sempre pisei na areia
com as pontas dos dedos
preparada para correr
como se eu estivesse posicionada
na marca 2
de uma pista de corrida
mentira, verbo errado
o que poderia acontecer
se você ficasse de frente
novamente
com tudo aquilo
que te rasga
a pele
não é espelho, pode ser paupável?
você quer isso ao ir à praia?
o que eu mais faço é mentir
para mim mesma
eu quero? -
sim, que a água do mar (venha)
que a água salgada (não beba)
já que eu mesma tenho tanto medo
de ficar sozinha em praia
mas tenho ainda mais
de estar em uma casa
com uma sala sem paredes
lotada de fantasmas reais
distraídos? de olhos estáticos?
com as mãos segurando o controle do jogo?
gostaria tanto de lembrar
o que me vem à cabeça é
o sofá, 4 lugares
os barulhos, a texturas,
o carro Zafira, 7 lugares
disso lembro bem,
quanto mais eu jogava sabão,
mais eu sujava os vidros
a Nana sempre ao meu lado
sempre correndo mais do que eu
sempre,
até se jogar na piscina
enquanto todos riam
rio de mim mesma,
rio mar rio mar
lembro bem,
no caminho entre as casas,
pergunto ao rastelo mais usado
da pousada
pergunto e devia ter perguntado ainda mais
anos idade números tudo
fazem45º graus aqui agora
é durante as férias em que todos
fingem se amar
coberta de peixes, algas, conchas que colecionei, o ardor da água viva, o vinagre, o bolo de brigadeiro, as memórias e as imagens mentais que se derretem sobre si mesmas
as mentiras,
as palmas reais, as que você não aplaudiu, a mesa marrom de madeira
a música
ouço até hoje o amargo, o macio, a pausa, a ignorância, a incerteza de qualquer toque, o caminho coberto de plantas, as mensagens caídas no chão, a cerca que pulei para fugir mas sempre voltava, os cocos que roubei, os turistas que fiz amizade
e os espectros que fingiram
como eu
eu cansei de fingir, Nana
- Camila e Raissa
- Camila e Raissa
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