20 de maio de 2019
A Roma ama o fluxo de consciência, então aqui vamos nós...
Gosto tanto de ser a Lua. Muitas vezes sinto milhares de coisas que não sinto com nenhuma outra. Mas não ignoro o fato de cada uma sentir coisas diferentes, cada sentimento maravilhoso ou cruel à sua maneira.
Claro que isso pode ser um tanto erróneo também já que posso partir do ponto que não sou muitas e invento tudo apenas por não saber lidar com limitações e a Raíssa. Preciso pensar melhor sobre isso e não vou querer então enfiar isso agora completamente. Voltando.
É cruel muitas vezes escrever sobre a Lua quando sou qualquer uma outra as que estão mais próximas e podem falar sobre ela), já que isso envolve muitas vezes ignorar tudo o que construí com as outras pessoas que sou. É inevitável sair com a Lua e não sentir fincadas de outras consciências, é como quando estamos palitando o dente e ele passa bem em cima da sua gengiva.
A Lua quer amar todos, quer fugir, quer aparecer além da noite, sentir os raios aconchegantes do Sol da manhã e da tarde, quer fugir da noite sem ter medo.
Não consigo não pensar em Roma como a maior definição de um superego, ela sabe que todos os desejos da Lua batem de frente com a maioria das minhas personalidades, por isso ela escreve. Não é difícil eu pensar em uma sala com varias cadeiras fazendo uma roda com todas as que eu sou enquanto Roma analisa tudo no centro, isso parece um Survey. Que loucura.
Nesse texto consegui lembrar de todas que sou e que fui, interessante ainda imaginar com quem cada uma apareceu e em quais momentos da minha vida algumas estavam mais presentes que outras. Um dia escreverei sobre isso...
Roma precisa agir da melhor forma ao escutar tudo. Às vezes sinto ela segurando a Lua como Atlas segura os céus nas costas. Bater de frente com ela sendo a Lua é bater de frente com todos que sou, e pra fazer isso preciso ter certeza de quase tudo. Eu não tenho certeza de quase nada, às vezes jogo tudo em Roma e espero que ela saiba resolver tudo o que todas as outras juntas não iriam conseguir. Ótimo que você esteja aqui, desculpe. Ela já me fez acordar em momentos que eu quis dormir pra sempre.
É tão interessante ler textos antigos que escrevo sobre a Lua e ver o quanto muitas coisas mudaram... de qualquer forma sempre sinto a essência dela em todos esses textos (que não foram muitos).
Mas isso aqui é sobre Roma e como muitas vezes ela não aguenta controlar tudo o que jogo nela (ela não é obrigada a aguentar). É sobre como ignorar seus conselhos muitas vezes faça com que ela precise recorrer à Mayka, um tanto destrutiva. Porém sigo firme. Vai ter um momento que precisarei enfrentar Mayka, mas quem mais preciso enfrentar são outras duas em específico. Enfrentamentos me dão tanto medo, mas, como Roma já escreveu em um poema antigo, quanto mais adio coisas importante, mais amordaço-me e as palavras se prendem na garganta querendo cada vez mais sair.
Roma me aconselha a sentar e expor tudo o que guardo, Lua Pálida nunca vai querer um xeque-mate, Mayka precisa parar de ter tanta obsessão por controle, Dominik sempre aparece no espelho quando não espero, Iris tenta desenhar tudo o que é preciso, Camila conhece muito bem Mayka, mais do que ela mesma inclusive; Lobo Azul está eternizado nos meus poemas antigos e conhece o amor muito bem; Cícero e Alex precisaram se juntar a Dominik; Raíssa precisa se conhecer melhor.
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30 de Março de 2020
Uma resposta ao seu texto, seja la quem voce seja, de alguem que realmente ama fluxos de consciencia, tao quanto a Lua que os eterniza com tinta no papel.
Ja de inicio, prefiro dizer que gosto bastante de ser quem eu sou agora, me agrada que meu nome nao seja curto, mas de maneira alguma ignoro outros nomes que tenho e muito menos acredito ser erróneo ser todas e todos que sou. Sinto todos meus nomes validos da mesma forma, mesmo que muitos se intimidam e saiam pouco de minha boca ou acreditam na necessidade de se esconderem atras de uma cortina vermelha.
Para mim, Camila, cruel é escrever sobre alguem que voce seja sem ao menos realmente conhece-la de verdade ou querer entende-la. Se eu fosse escrever da Lua agora, diria tambem que ela quer aparecer alem da noite e fugir de muitas que ela é, mas não escrevo isso como quem palita o dente e acerta a gengiva, escrevo com um tanto de preocupaçao com o que pode vir de testar seus limites sobre o que sentir medo.
Também penso em Roma como um superego, alguem que vai levantar, jogar fora as garrafas de vinho, os restos das cinzas, dobrar as toalhas, arrumar o vidro de perfume e fugir das linhas do chao. Em uma roda de cadeiras com todas e todos que sou, imagino Roma em pé, como alguem pronta para cochichar as melhores palavras no ouvido de alguma pessoa que esteja quase a ponto de se levantar e jogar a cadeira em que esteja sentada no chao ou pela janela. Isso nao eh um Survey ja que nao imagino no centro apenas uma cadeira, mas sim uma mesa de madeira escura coberta de papeis em que Raissa observa e analisa tudo o que pode com os olhos fincados no passado, nas linhas e nas fotografias.
Esse texto nao eh sobre alguem especifico que sou, afinal, nao sei completamente de todas e todos que sou. Entretanto, ao contrario do que foi escrito no outro texto, nao acredito que ha alguem em si mesma que seja necessario enfrentar, mas sim pensamentos autodestrutivos e outros comportamentos que colocam em situacoes de risco.
Prefiro nao escrever sobre cada nome da forma que aparece no outro texto, apenas ao que diz a meu respeito. Conheço cada dia que passa mais de mim mesma e instiga-me conhecer mais ainda das pessoas que sou.
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22 de julho de 2025
Curioso demais isso tudo! Reler essa baguncinha maluca com tentativas de acerto e buscas por entendimento de um mundo interno... não posso deixar de comentar que me divirto mesmo com minhas tentativas de tentar compreender o que é Roma! Assim soou chato, mas a verdade é que fico de cara mesmo! Depois de uns anos, eu mesma, realmente, não sei mesmo! Roma como intervencionista, como fiscal, como centralizadora, como repressora, como aconselhadora! Meu Deus!! Assim, realmente, se vou responder o primeiro texto, deve ser muito cansativo se sentir como um Atlas segurando a Lua invés do céu. hahaha, dou uma risada agora. Quero me divertir e faz tempo que não escrevo NADA. Eu rio porque é engraçado a tentativa de falar de um sentimento que não se sente e nunca foi sentido. Vira pura achismo! Sobra então o olhar empático pra fazer esse serviço, algo que eu acho que faltou mesmo nesse primeiro texto kkkkkkk. Se Roma seria tão boa assim, por qual MOTIVO recorreria à Mayka? Bom, de qualquer forma, já sabemos que não é isso que acontece. Não faz sentido e até me irritou um pouquinho o que foi escrito antes. Certamente prefiro o segundo!! Também já foi entendido nesses anos que uma resposta de Roma está mesmo é nos gritos dos pedestres, cochichos das pessoas de uma cidade italiana! Isso é uma metáfora para dizer que Roma nunca escreveria algo do tipo ou sei lá, qualquer coisa que não fosse poeminhas japoneses no estilo haicai. Duvido MESMO que Roma liga pra fluxos de consciência. Acho que é situação mais de resolver o "absurdo" quando é muito preciso.
Agora é sério. Posso contar mesmo com você?
Levantei um pouco da cadeira. Dei uma volta. Agora não rio mais. Isso de pensar em Roma me lembrou de Bernadete e no fato de que ela não conseguiu intervir. Isso me assombra um pouco. Claro que posso pensar na psicologia etc etc. Mas o que to pensando aqui, sozinha, é que não foi o bastante. Nomes são mais que funções, ok, entendi. Mas é assustador sim, vindo de alguém que sempre foi tão rígida e que precisava seguir regras e tudo. Não sei, agora realmente estou bem triste. Muitas perguntas que nunca vou saber a resposta. Até me deixa intrigada se eu pensar que Bernadete era na verdade Ana.
Vindo aqui, logo agora, to mais sendo chata do que qualquer outra coisa né? Acho que no fundo é saudade de falar mais sobre isso tudo ou de escrever qualquer coisa.
lua