terça-feira, 22 de julho de 2025

Trecho retirado de uma nota - 22 de dezembro de 2024 às 2h48 da madrugada.

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Não há nada mais lindo do que ser escolhida por alguém que te diga que almeja e sonha ser conhecida inteiramente por. Ø desejo de querer poder falar tudo, ser lida entrelinhas, facetas, memórias, entre dor e amor, tudo. A confiança de se estar ali, sem ter onde se esconder e sem querer que haja qualquer cortina ou amordaça. Ser escutada inteiramente e simplesmente ser - e tudo que isso acarreta. Ø desejo mas também a coragem. Isso sim é lindo, assim como poder fazer parte disso como alguém que deseja conhecer tudo ø que pode e até onde é permitido do outro. Sinto falta de escutar mais, apesar de ter tido toda a oportunidade de escutar tanto. Infelizmente não há como escutar fantasmas - espero não ser delirante. Encerro assim, já que necessito dormir. 

22 de dezembro de 2024

quinta-feira, 17 de julho de 2025

20 de dezembro de 2019

Um dia, papeando com meu amor e contando piadas, conversávamos sobre mentiras e comidas preferidas. Não lembro totalmente agora, mas ríamos sobre o fato de que ela havia dito a comida preferida e eu insistia que a minha era tomate e pêssego, algo assim! Dependendo do dia, eu falava uma diferente. Sei que naquele momento específico, nos olhamos e propuz um desafio. Em poucos minutos eu e ela tínhamos que escrever um poema-desafio sobre esse assunto e eu tinha que responder o dela. Esse foi o resultado:

Ela escreveu assim:

mentira? 

diz um diz dois 

tomate ou pessego?

Dúvida eterna 

Confusão completa 

sempre a buscar 

nunca a alcançar 

como aquela que corre

corre  corre corre 

e foge?

fuga.

foge de si apenas 

da verdade 

Pessego? 

Tomate?

ambos



ou de fato,

nenhum,

n a d a.

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A minha resposta foi:


A Resposta a altura


digo-te um dia pessego 

noutro tomate

e o que me dizes 

uma única palavra 

mentira!


mas como pode ser uma calunia? 

há tanta certeza em cada resposta

uma hora sim, pêssego, se adequa bem

outra hora sim, tomate, qual o problema?


não corro de mim, eu caminho por tudo o que sou 

e em minhas elaborações diversas

solto a resposta que mais convém

seja tomate seja pêssego

todas as respostas reais

cru

as respostas sempre como um retrato verdadeiro de quem sou


pêssego sim. tomate sim. 

e agora eu diria 

mais uma certeza. 

odeio pera.

segunda-feira, 19 de maio de 2025

Palm Beach 26/01/2020

ao contrário de muitas que sou, quase sempre do contrário. prefiro as luzes amarelas e desgastadas às luzes embriagadas/vermelhas de uma festa e qualquer burburinho que seja. admiro a lua bem do solo, enquanto sonho com chácaras, paredes de tijolinhos e amoreiras e jabuticabeiras. dálmatas correm soltos pelo gramado, os pássaros roubam frutinhas das árvores e eu me encontro ao lado da rede, sozinha. não escreverei sobre ruas largas de Palm Beach, Delray, Downtown Beach - nunca que me veria aqui de verdade. porém, cá estou eu! bem. de forma geral, bem. o conforto dos que vivem aqui é o luxo, já o meu: é estar em um gramado passeando com dálmatas. (depois eu termino) (sozinha)

(maia)

2020

 Texto que achei no meu caderno de gatinhos do pintor Carlos Páez Vilaró, comprado no Uruguai. Cartinha escrita em 2020.


Espero que, algum dia, alguém te entregue isso. Acho justo você me conhecer mais também. Às vezes, acabo ficando mais calado; às vezes, as palavras me travam, e eu continuo a me estressar com elas saindo erradas da minha boca. Como você, em algum momento, me escreveu: é dicotômico, sim, mas não quero fazer nenhum estudo sobre isso — aposto que alguém em mim fará. Eu estou aqui. Adoro laranja, correr na areia da praia, regatas, bandanas, e odeio camarão. Não sei o que sentir sobre isso não ser constante. Não sou um mentiroso — mas aposto que, amanhã, eu comeria um prato de camarão contigo e diria que está ótimo! Tudo bem. Ao contrário de muitas que sou, não me agonia estar aqui. Sei que sou útil para muitas coisas. Gosto de escrever e sair de casa — quem sabe até fugir! Mas me agonia, até certo ponto, meu nome escondido atrás de uma cortina vermelha. Mas tudo bem. Digo de novo, e pra mim mesmo/mesma: não estou por aqui sempre, mas, quando estou, aproveito imensamente o que posso. É o que sempre fiz. Quem sabe, algum dia, eu aprenda a tocar violão e te escreva uma música! Na minha cabeça, eu já teria feito isso há muito tempo. Coloquei "Frevo por Acaso" na sua playlist para que se lembre bem de mim e do meu nome. Como outra música dele diz: tô por aí! Ao contrário de "De Passagem", não estou — mas todo o restante da letra eu dedico a você! Sinto que já já me vou, e há tanto a ser feito! 

Com carinho, 

Cícero

27/05/18

 Texto que achei no meu caderno de gatinhos do pintor Carlos Páez Vilaró, comprado no Uruguai. Nota escrita em 2018.


Quando tudo está virando líquido e escorrendo para todos os lados, sento em minha cadeira preferida e vou beber café - me agarrando, assim, em algo. Qualquer coisa.

Tudo não pode ser só isso, Diário. Não pode. E como fica tudo o que eu nunca irei saber?

18/03/18

 Texto que achei no meu caderno de gatinhos do pintor Carlos Páez Vilaró, comprado no Uruguai. Textinho escrito em 2018, bem divagando poraí numa viagem. 


Ontem, de madrugada, sonhei que não haviam casas, só o preto e o vermelho. Eu vi! Vi sim. Por entre todos os sonhos, de todos. A floresta obscura, várias árvores, curvaturas e os cervos confundidos com galhos. A metáfora do acordar, uma bala bem ao centro da cara, isso tudo enquanto o coelho do relógio corre como um doido! Uma cadeira no centro da sala branca, sem portas, sem janelas - a luz pisca. Sem saída? Sim.

Agora, acorde no centro da rua - céu roxo das 3h da manhã. A coruja espia-te e você inventa de acreditar no gato do fim da rua, sentado na grade de uma casa amarela. Nunca fui de gostar muito de amarelo. 

Se transporte então para dentro da sua geladeira! Onde o resto dos seus sonhos estão, agora todos cobertos de poeira! Sufocante e congelante - ali está você. Saia.

sábado, 3 de maio de 2025

7/7/18

Texto que achei no meu caderno de gatinhos do pintor Carlos Páez Vilaró, comprado no Uruguai. Textinho escrito em 2018.


Estava em casa, não aguentei. Precisava sair daquele lugar. Já estava quase pra vomitar de agonia. Subi na bicicleta e cheguei aqui. Engraçado, durante o trajeto todo, só pensei na cena de estar aqui, sentada - exatamente aqui. Preparei o roteiro inteiro enquanto pedalava e o vento batia em meu rosto. Onde moro é seguro e existem vários caminhos e becos para se enfiar. É divertido. 

A verdade é que sempre quis sentar aqui e escrever algo, qualquer coisa que fosse. De certa forma, estou feliz por essa conquista! Durante o percurso inteiro, pensei no agora, estar sentada segurando exatemente esse lápis e esse específico caderno. Porém, não consegui pensar em nenhuma linha escrita. Bom, o que é escrito agora então é fresco. Melhor que um diário! Concorda?

Precido dizer para você algumas coisas: o último filme que assisti foi ótimo, mas fez com que eu me sentisse sozinha. Durante a pedalada até esse banco que sento agora, relembrei o medo que tenho de homens desconhecidos. Também pude me divertir com o som que as folhas fizeram quando estava chegando perto de onde me encontro agora. Breve trajeto, divertido. Outra coisa, mas essa vai mais longe no que estava pensando: é que tento ao máximo não repetir palavras ou frases de poemas que escrevi em outros textos. Sim, estou tentando ao máximo não repetir e escrever "fluxo de consciência". Bom... agora, foi-se! A penúltima coisa que vos digo é que senti uma mão nas minhas costas, agorinha, mesmo estando sozinha. Isso foi agora a pouco! Nesse banco embaixo de um caramanchão feito pela administração do Lago Norte. A última é que estou indo me levantar, rumo minha casa e usar, pela primeira vez, as luzinhas traseiras da minha bicicleta.  

Ah! Antes que me esqueça, já que você chegou até aqui, seja quem for, contei-te uma mentira nesse texto. Ache. Ache-me.


Raíssa?