domingo, 10 de agosto de 2025

Cartas achadas 2 (13/5/2024)

 

Jardin de Luxembourg, Paris, 1994 - Luiza Venturelli

Estava mexendo nas gavetas de casa, aquelas com cheiro de infância com madeira. Encontrei esse cartão e fiquei com vontade de te escrever. Paisagens urbanas em preto e branco, imagens líricas - nem análise do comportamente e nem ensaio antropológico. Rua e movimento, quem sabe, traçados que um dia poderemos fazer. Típica França com bancos e praças - cidade cinza? Viver esse momento e mais, num mundo da fotografia urbana, em outras cidades e viajens. Essa é só uma pequena lembrança para minha urbanista preferida! Um enquadramento do urbano francês numa bandeja! Ou melhor dizendo, em um cartão!

Com carinho, 

rai

sexta-feira, 8 de agosto de 2025

Cartas achadas 1 (sem data)

 Gregório,


Se você fosse um lobo seria um de cor marrom claro. Um que correria bosques e desertos para depois se deitar em sombras confortáveis de grandes carvalhos. Seria um dos lobos mais belos, de olhar calmo e tranquilo. Mas, acima de tudo, levaria o meu coração em seu peito. Eu te amo com tudo de mim. Obrigada por ser tanto para mim. Contigo, sinto que já cheguei ao paraíso dos lobos. 

Com carinho e beijos de inuit,

lua

terça-feira, 22 de julho de 2025

Trecho retirado de uma nota - 22 de dezembro de 2024 às 2h48 da madrugada.

 [...]

Não há nada mais lindo do que ser escolhida por alguém que te diga que almeja e sonha ser conhecida inteiramente por. Ø desejo de querer poder falar tudo, ser lida entrelinhas, facetas, memórias, entre dor e amor, tudo. A confiança de se estar ali, sem ter onde se esconder e sem querer que haja qualquer cortina ou amordaça. Ser escutada inteiramente e simplesmente ser - e tudo que isso acarreta. Ø desejo mas também a coragem. Isso sim é lindo, assim como poder fazer parte disso como alguém que deseja conhecer tudo ø que pode e até onde é permitido do outro. Sinto falta de escutar mais, apesar de ter tido toda a oportunidade de escutar tanto. Infelizmente não há como escutar fantasmas - espero não ser delirante. Encerro assim, já que necessito dormir. 

22 de dezembro de 2024

quinta-feira, 17 de julho de 2025

20 de dezembro de 2019

Um dia, papeando com meu amor e contando piadas, conversávamos sobre mentiras e comidas preferidas. Não lembro totalmente agora, mas ríamos sobre o fato de que ela havia dito a comida preferida e eu insistia que a minha era tomate e pêssego, algo assim! Dependendo do dia, eu falava uma diferente. Sei que naquele momento específico, nos olhamos e propuz um desafio. Em poucos minutos eu e ela tínhamos que escrever um poema-desafio sobre esse assunto e eu tinha que responder o dela. Esse foi o resultado:

Ela escreveu assim:

mentira? 

diz um diz dois 

tomate ou pessego?

Dúvida eterna 

Confusão completa 

sempre a buscar 

nunca a alcançar 

como aquela que corre

corre  corre corre 

e foge?

fuga.

foge de si apenas 

da verdade 

Pessego? 

Tomate?

ambos



ou de fato,

nenhum,

n a d a.

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A minha resposta foi:


A Resposta a altura


digo-te um dia pessego 

noutro tomate

e o que me dizes 

uma única palavra 

mentira!


mas como pode ser uma calunia? 

há tanta certeza em cada resposta

uma hora sim, pêssego, se adequa bem

outra hora sim, tomate, qual o problema?


não corro de mim, eu caminho por tudo o que sou 

e em minhas elaborações diversas

solto a resposta que mais convém

seja tomate seja pêssego

todas as respostas reais

cru

as respostas sempre como um retrato verdadeiro de quem sou


pêssego sim. tomate sim. 

e agora eu diria 

mais uma certeza. 

odeio pera.

segunda-feira, 19 de maio de 2025

Palm Beach 26/01/2020

ao contrário de muitas que sou, quase sempre do contrário. prefiro as luzes amarelas e desgastadas às luzes embriagadas/vermelhas de uma festa e qualquer burburinho que seja. admiro a lua bem do solo, enquanto sonho com chácaras, paredes de tijolinhos e amoreiras e jabuticabeiras. dálmatas correm soltos pelo gramado, os pássaros roubam frutinhas das árvores e eu me encontro ao lado da rede, sozinha. não escreverei sobre ruas largas de Palm Beach, Delray, Downtown Beach - nunca que me veria aqui de verdade. porém, cá estou eu! bem. de forma geral, bem. o conforto dos que vivem aqui é o luxo, já o meu: é estar em um gramado passeando com dálmatas. (depois eu termino) (sozinha)

(maia)

2020

 Texto que achei no meu caderno de gatinhos do pintor Carlos Páez Vilaró, comprado no Uruguai. Cartinha escrita em 2020.


Espero que, algum dia, alguém te entregue isso. Acho justo você me conhecer mais também. Às vezes, acabo ficando mais calado; às vezes, as palavras me travam, e eu continuo a me estressar com elas saindo erradas da minha boca. Como você, em algum momento, me escreveu: é dicotômico, sim, mas não quero fazer nenhum estudo sobre isso — aposto que alguém em mim fará. Eu estou aqui. Adoro laranja, correr na areia da praia, regatas, bandanas, e odeio camarão. Não sei o que sentir sobre isso não ser constante. Não sou um mentiroso — mas aposto que, amanhã, eu comeria um prato de camarão contigo e diria que está ótimo! Tudo bem. Ao contrário de muitas que sou, não me agonia estar aqui. Sei que sou útil para muitas coisas. Gosto de escrever e sair de casa — quem sabe até fugir! Mas me agonia, até certo ponto, meu nome escondido atrás de uma cortina vermelha. Mas tudo bem. Digo de novo, e pra mim mesmo/mesma: não estou por aqui sempre, mas, quando estou, aproveito imensamente o que posso. É o que sempre fiz. Quem sabe, algum dia, eu aprenda a tocar violão e te escreva uma música! Na minha cabeça, eu já teria feito isso há muito tempo. Coloquei "Frevo por Acaso" na sua playlist para que se lembre bem de mim e do meu nome. Como outra música dele diz: tô por aí! Ao contrário de "De Passagem", não estou — mas todo o restante da letra eu dedico a você! Sinto que já já me vou, e há tanto a ser feito! 

Com carinho, 

Cícero

27/05/18

 Texto que achei no meu caderno de gatinhos do pintor Carlos Páez Vilaró, comprado no Uruguai. Nota escrita em 2018.


Quando tudo está virando líquido e escorrendo para todos os lados, sento em minha cadeira preferida e vou beber café - me agarrando, assim, em algo. Qualquer coisa.

Tudo não pode ser só isso, Diário. Não pode. E como fica tudo o que eu nunca irei saber?